Acordei com o coração triste. Apagadinho. Batendo fraco. Preto
e branco. Em uma manha que se olhasse com os olhos era linda cheia de luz e
calma. Mas com o coração naquele dia era cinza, fria e conturbada. Foi uma
noite difícil. Deveria ter trocado o travesseiro por um balde. Tive que torcer
ele depois. Não é fácil ficar indiferente. Fingir que passou. E duro dormir
esperando só que tudo passe. Volte a sorrir. O coração não esquece. Não acalma.
Reclama baixinho e escorre pelos olhos. Inspira. Expira. Volta a viver no mundo
cinza até a dor passar. Ou se aquietar. Mania de dor querer ser tão teimosa. De
não largar o coração. De esfriar a alma. E de querer só dormir outra vez. Para ver
se passa.
No outro dia a dor já largou o coração e deixou uma
marquinha. Não reclama tanto, já vê algumas cores. Sofre mais baixinho. Só se
ouve no silêncio. Então procura por barulho. Não se deixe ouvir. Acalma. Não dói
mais. Espera que passe. Dorme outra vez. Deita. Sonha. Não acorda. O aconchego
cura. Ouvi. Espera! Nem da mais pra te ouvir. Sorri. Passou. Claro que doeu,
mas passou. Sempre passa. Espera. Se acalma. Não se desespera. Que sempre
passa. Afinal, tem tantos outros dias pra acordarem cinzas. Se recupera logo então,
para os coloridos durarem mais.
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